Olá pessoal!
Apesar de ter muito tempo que não escrevo, achei esta matéria importante de ser compartilhada, poiso Victor jápassou da fase de bebê e está dando indícios sobre suas preferências, já exige um pouco mais de rigidez, precisamos começar a falar não para ele, impor os limites necessários para seu desenvolvimento.
Do mais ele está lindo, maravilhoso, gostoso, tudo de bom, rsrsrsrs.
Sexta-feira passada eu estava sentada no quarto brincando com ele, quando subiu na minha perna e, em pé e olhando nos meus olhos, falou mamãe. Sim, com todas as letras, uma emoção muito grande. Está muito arteiro, mexe em tudo, não fica parado, quer corrrer e brincar. Ilusão achar que ele vai passar o dia inteiro brincando quieto em um cômodo da casa.
Os pequenos tiranos de hoje são resultado do encontro de duas gerações 
sem limites, diz Tania Zagury, mestre em educação e autora de "Limites Sem Trauma" (Record).
"Quem está criando filhos agora são os que já tiveram liberdade na 
infância e estão frente a uma situação que não vivenciaram: os filhos 
deles também querem fazer de tudo. A liberdade da criança acaba tirando a
 dos pais."
A família está sob o governo das crianças, afirma pesquisadora
Zagury fez um estudo com 160 famílias no início dos anos 1990, quando já
 identificava o surgimento da tirania infantil. "Os pais dos anos 1980 
tinham sido criados de forma dominadora e queriam uma educação liberal."
Entre os anos 1970 e 1980 a criança se tornou ator da história, segundo Mary Del Priore, organizadora do livro "História das Crianças no Brasil" (Contexto).
A tendência começou depois da Segunda Guerra. Ao mesmo tempo, surgiram 
leis de proteção à infância, jovens ganharam visibilidade no cinema e na
 publicidade e as famílias diminuíram.
"A mulher [que trabalha fora e começa a tomar pílula] passa a querer ter
 menos filhos para criá-los bem. E a criança ganha lugar como 
consumidora. Há uma transformação no papel dos pais", afirma a 
historiadora.
CRISE DE AUTORIDADE
O problema é que a balança foi toda para o outro lado: da rigidez à 
frouxidão, analisa o psicanalista Renato Mezan, professor da PUC-SP. 
"Por um lado, é um avanço social, há mais diálogo na família e mais 
decisões consensuais. Mas, por outro, os pais têm medo de exercer a 
autoridade legítima. É uma crise de autoridade generalizada."
Há também uma inversão de papeis, segundo a pedagoga Adriana Friedmann, 
doutora em antropologia e coordenadora do Nepsid (Núcleo de Estudos e 
Pesquisas em Simbolismo, Infância e Desenvolvimento).
"Há uma 'adultização' precoce e, ao mesmo tempo, um prolongamento da 
infância", diz. "Não dá para culpar só os pais. Todos são vítimas da 
tendência sociocultural. As crianças estão expostas a um grande número 
de estímulos e influências da mídia."
Para a psicanalista Marcia Neder, os pais se sentem obrigados a mimar os
 filhos e há muitas exigências em torno de um ideal da mãe perfeita. 
"Fica difícil dizer 'não' em uma sociedade que trata a criança como um 
deus."
A blogueira Loreta Berezutchi, 29, sente na pele as cobranças do que ela
 chama de "filhocentrismo". Loreta é mãe de Catarina, 3, e Pedro, 5. O 
menino não dá muito trabalho, mas Catarina...
"Ela está sempre batendo o pé. Empaca quando não quer sair de casa e 
quer escolher a roupa que vai usar. Às vezes, quer blusa de frio no 
calor e é difícil fazê-la mudar de ideia", conta.
Além de comprar "as brigas que valem a pena" com a filha (como não 
deixá-la viver só de bolacha e iogurte), Loreta tenta não ser guiada 
pela concorrência que há entre mães blogueiras para ver quem é a "mais 
mãe", ou seja, a que mais paparica sua prole (ela escreve no 
www.bagagemdemae.com.br).
"Na hora de apontar o dedo, todo mundo aponta. 'Ah, meu filho só come 
comida saudável e o seu toma refrigerante'. Você se sente culpada por 
não ser o modelo de mãe que cozinha para o filho, dá água mineral etc.",
 diz.
Ela admite que sua vida hoje gira em torno dos rebentos e acha que faz 
parte do pacote. "Eu estava preparada para isso quando decidi ser mãe. 
Mas faz falta ter uma vida social que não os inclua."
Enquanto a criança ainda é um bebê, é normal que a vida da família seja 
pautada pelas necessidades dela, de acordo com Zagury. "Mas, a partir 
dos três, quatro anos não precisa ser assim. Os pais devem dar proteção 
aos filhos, não sua própria vida."
MAMÃE EU QUERO
Encontrar o equilíbrio pode ser complicado quando a criança tem entre 
dois ou três anos, aponta Friedmann. "Elas estão na fase de se 
descobrirem como pessoas com identidade única. Nesse período, há uma 
necessidade da afirmação do eu, por isso experimentam um jogo de força 
com os adultos."
É fundamental os pais terem clareza sobre quais regras vão impor aos filhos. Só assim conseguirão ser firmes.
"Os limites devem ser colocados na primeira infância, quando se constroem as bases da personalidade", acrescenta Friedmann.
A psicopedagoga Maria Irene Maluf, membro da Associação Brasileira de 
Psicopedagogia, lembra que regras dão segurança. "A opinião da criança 
não deve ser ignorada, mas ela não sabe escolher o que é melhor para 
ela. Ninguém nasce autônomo."
No fundo, mesmo os mais rebeldes gostam de saber até onde podem ir, 
complementa a também psicopedagoga Betina Serson. Para quem tem um 
déspota mirim em casa, ela recomenda começar a disciplina estabelecendo 
uma rotina (veja mais orientações ao lado).
"A ideia de que colocar limites pode ser danoso à criança é 'idiota'", 
afirma Mezan. Segundo ele, a inexistência de regras gera ansiedade dos 
dois lados.
"Qualquer renúncia ao prazer imediato passa a ser vivida como uma 
frustração insuportável pela criança. Muitas vezes, porque seu desejo é 
logo satisfeito, ela acaba valorizando pouco o que tem", afirma.
| Editoria de Arte/Folhapress | ||
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